Por Grazielle Paranhos

Para manter os negócios funcionando, as imobiliárias precisaram realizar mudanças e a tecnologia foi ferramenta essencial para o momento. O Buritis tinha empreendimentos que estavam, ainda, em um formato muito inicial nesse mundo virtual e, por isso, precisaram correr atrás para se reinventar. O bairro tinha apenas uma imobiliária completamente online.

“A tecnologia certamente vai permanecer depois do isolamento, ela já estava aí, mas foi acelerada nesse período”, diz Bráulio Lara, presidente da ABB (Associação de Moradores do Bairro Buritis) e dono de uma imobiliária no bairro.

AS VENDAS CAÍRAM, MAS NÃO PARARAM

De acordo com o CMI/Secovi-MG (Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais), as vendas no bairro Buritis, como em toda Belo Horizonte, diminuíram com a pandemia e o isolamento social.

Após anos em crise, a construção civil começou a crescer novamente no ano de 2019 e o setor estava otimista para 2020. “De 2014 a 2018, a queda do PIB do setor Indústria da Construção foi de 30%, enquanto a economia nacional registrou retração de 3,8%. No terceiro trimestre de 2019, na comparação com igual período do ano anterior, a alta registrada foi de 4,4%, a maior dentre todos os setores de atividade. A última vez em que o setor cresceu foi em 2013”, diz o site do Sinduscon MG (Sindicato da Indústria da Construção Civil.

As pessoas reduziram a busca por imóveis, contudo, as vendas continuam acontecendo, o mercado não parou. Porém, o serviço ainda está sendo feito online. As imobiliárias continuam fechadas, pois o setor não faz parte do primeiro grupo liberado para reabrir pelo decreto nº  17.361, publicado pela Prefeitura de Belo Horizonte no dia 22 de maio.

“O mercado imobiliário sofreu e está sofrendo com a pandemia como todos os outros mercados, mas os negócios continuam acontecendo, até mesmo pelas novas necessidades que foram surgindo”, diz Bráulio Lara, presidente da ABB.

Algumas empresas ficaram à frente de outras por já estarem familiarizadas com o uso das tecnologias. As imobiliárias estão procurando oferecer o serviço ao cliente da melhor forma possível, de maneira mais prática e segura.

“O primeiro contato com a imobiliária foi através de anúncios da mesma em sites. Após o meu contato, eles me retornaram e tratamos sobre o apartamento virtualmente, sempre com ótima disponibilidade da imobiliária. Todas as dúvidas sobre o imóvel sempre foram sanadas de imediato pela equipe da imobiliária. A assinatura do contrato foi feita virtualmente, assinei via um site que registra a assinatura validando do mesmo modo que uma assinatura registrada em cartório. Após todos documentos aceitos e assinados, realizei apenas uma visita na imobiliária para pegar as chaves. Do momento que entrei no apartamento até agora, continuo em contato com a imobiliária que está sempre disponível para atender qualquer dúvida. Tive uma experiência excelente com a imobiliária nesse período, fechei negócio em 20 dias”. – Lucas Matos Muniz, depoimento de cliente que fechou negócio em meio a quarentena.

MUDANÇAS TECNOLÓGICAS

De acordo com a ABB (Associação de Moradores do Bairro Buritis), existem aproximadamente 20 imobiliárias no bairro e somente uma era completamente online, ou seja, cerca de 70% da negociação via internet e 30% presencialmente.

Chegado o período da quarentena, as empresas rapidamente ampliaram as formas de contato virtual com os clientes, algumas do bairro Buritis não tinham, por exemplo, o WhatsApp Business no site, o contato era feito por ligação ou e-mail. As empresas passaram a fazer visitas virtuais, criar webinares (conferência online), fazer tours 360°, a qualidade das fotos e vídeos presentes nos sites e redes sociais foram melhoradas, passou-se a utilizar aplicativos que permitem a assinatura digital, entre outros.

“As tecnologias nos ajudam bastante e nesse período de isolamento ela foi fundamental. O mercado imobiliário já vem passando por processos de adequação digital há vários anos, pois o mundo está online e várias imobiliárias, e inclusive a nossa, se capacitaram e aprimoraram tecnologicamente. Atualmente, fazemos vídeos, fotos de melhor qualidade, disponibilizamos assinatura de contrato virtual e o nosso CRM (sistema san-G3) nos ajuda a manter os clientes indecisos, ou que deram uma pausa, conectados através de dicas, novidades, conteúdos, dentre outras informações do mercado.” – Tiago Rocha, corretor de uma imobiliária do Buritis.

A boa apresentação do imóvel é extremamente importante, pois algumas pessoas estão adiando a compra pela dificuldade da visita física, devido à preocupação em pegar o coronavírus.

“Detalhes, fotos que antes não precisávamos colocar, que não precisava tanto pois haveria a visita física… hoje temos que incluir mais números de fotos mais detalhadas para evitar visitas que podem não prosperar devido a um detalhe mínimo do gosto do cliente”, explica Denize Gurgel, corretora de uma imobiliária do Buritis.

O NÚMERO DE VISITAS VIRTUAIS CRESCEU

Hoje em dia, as pessoas estão com cada vez menos tempo, as visitas virtuais, por serem mais práticas, resultaram em uma procura maior pelo público. O avanço tecnológico nas imobiliárias coloca o cliente como protagonista, ele passa a ter mais controle sobre a condução do negócio.

O modelo tradicional é mais lento, é necessário fazer a visita de dezenas de imóveis, muitos encontros presenciais para a definição e fechamento da compra. No mercado imobiliário 4.0 (digital), o cliente pode visitar virtualmente de casa, pelo seu computador ou telefone, e visitar de forma presencial somente o local escolhido. Alguns corretores acreditam que essa praticidade pode gerar mais clientes.

“[…] E o que percebi é que teve um aumento de 20% nas visualizações, ou seja, um reflexo das pessoas ficarem em casa com mais tempo ocioso proporciona esse acesso aos portais pra ficar olhando. Só que esse processo inconsciente é justamente o topo do funil de vendas. Quando acabar a pandemia, não acredito que seja de imediato, mas essas pessoas que estão olhando imóveis na internet uma hora descem no funil, se tornará um lead (pessoa em busca de imóvel), depois um cliente, etc.” – Tiago Rocha, corretor de uma imobiliária do Buritis.