Gabriel Pimenta

A cidade de Belo Horizonte já passou por alguns surtos de dengue nos últimos anos. Historicamente, os anos com maior registro foram 1998 (86.698 casos), 2010 (50.022 casos), 2013 (96.113 casos), 2016 (154.513 casos) e 2019 (116.458 casos), segundo dados divulgados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Já em 2020, ano do início da pandemia de Covid-19, houve uma grande redução nos casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, com 4.751 casos confirmados. Em 2021, esse número foi ainda menor, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, mas em 2022 houve um aumento de 13% dos casos em Belo Horizonte, que registrou 1.214 casos. 

No Brasil foram mais de 1,4 milhões de casos e um número recorde de mortes em 2022, com 1.016 óbitos, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. O documento deixa um alarme para 2023. 

A baixa desses casos pode ter feito com que a população fique mais tranquila em relação ao vírus, mas com a chegada do verão é importante que a população siga todos os protocolos para evitar ao máximo a proliferação do mosquito da dengue. Evitar o acúmulo de materiais que possam conter água parada, manter caixas d’água fechadas e sacos de lixo bem fechados são algumas das formas mais eficazes de evitar que essa doença se espalhe na sua casa. 

Geraldo Cunha, médico infectologista e professor universitário na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica os perigos da dengue relacionados ao clima. “As chuvas e o calor são condições que, aliadas ao nosso descuidado com os materiais que possam acumular água, constituem as condições ideais para que a dengue se difunda entre nós, doença que pode até matar”, alerta. 

Os principais sintomas da dengue incluem: febre, dores musculares intensas e manchas vermelhas pelo corpo, dor de cabeça, falta de apetite e dor ao movimentar os olhos. É importante procurar um médico ao sentir esses sintomas, para que a doença não evolua. 

RELATO PESSOAL COM A DENGUE 

A dengue é uma doença perigosa que afeta milhares de pessoas pelo Brasil todos os anos. O meu caso é um entre muitos. Aos 13 anos, em meados de 2017, comecei a me sentir muito mal e fui levado às pressas ao hospital Vila da Serra, em Nova Lima. Ao chegar no hospital, havia uma fila de espera enorme, então recebi uma daquelas pulseiras coloridas utilizadas para definir o grau de urgência do paciente. A cor que eu recebi não caracterizava um nível de urgência tão alto, então tive que esperar a minha vez, mas, quando criança, eu não costumava me alimentar muito bem, muito menos tomava água com frequência, então comecei a sentir que estava piorando, até que apaguei. 

Com meu desmaio repentino, fui levado para dentro do hospital e colocado diretamente no soro. Foram muitas horas até saber que eu estava com dengue e, devido ao meu nível baixíssimo de plaquetas, teria que ficar internado no hospital.  

As plaquetas são células extremamente necessárias para a coagulação do sangue. Os anticorpos que o organismo produz para combater o vírus da dengue destroem essas plaquetas. O normal é ter entre 150 e 450 mil plaquetas. Na dengue hemorrágica esse número cai e pode ficar abaixo de 20 mil, correndo risco de sangramento, como explica Dráuzio Varella, em matéria publicada no programa “Fantástico”, em 2007. 

Esse relato pode encontrar eco na realidade de muitas pessoas. Se sentir sintomas associados à dengue, procure um médico.