Por Victória Alcântara

Com a chegada de medidas para combater o novo coronavírus, muitos estabelecimentos precisaram ser fechados em Belo Horizonte. Isso porque, no dia 20 de março, o prefeito Alexandre Kalil publicou um decreto que determinou o fechamento de comércios e serviços considerados não essenciais até o dia 25 deste mês.

Os salões de beleza estavam na lista divulgada. Por isso, o Espaço DR, instalado no Buritis há quase 20 anos, precisou fechar as suas portas por mais de dois meses. No entanto, a forma como seu proprietário lidou com a pandemia é, definitivamente, única.

Segundo Dierley Rodrigues, cabeleireiro desde os 14 anos e proprietário do salão, ao perceber que o isolamento social poderia chegar ao Brasil, ele precisou se reinventar. Logo no início da quarentena, o empreendedor começou a fazer bolos para vender enquanto seu espaço permanecia fechado. Enquanto produzia os bolos, ele também decidiu colocar em prática o seu desejo de ter uma horta.

COMO TUDO COMEÇOU

“Começou tudo esse ano. Quando eu vi que essa pandemia poderia chegar ao Brasil e que poderia me afetar de alguma forma como cabeleireiro. Eu já arrumei uma estratégia e já comecei a expandir o negócio. Aí, quando veio a quarentena, eu já estava com meio caminho andado”, afirma Dirley.

Ele conta, ainda, que seu desejo de plantar verduras e plantas vem desde a sua infância, quando sua mãe e tias plantavam e cuidavam de suas hortas. Contudo, com o salão em pleno movimento, o cabeleireiro não conseguia se dedicar completamente ao seu desejo.

A horta foi feita nos terraços e telhados do prédio do salão e também de sua casa. Além disso, há ainda um viveiro no fundo do terreno. O espaço, inicialmente, seria destinado para a horta, porém, ao perceber que o solo era improdutivo, o cabeleireiro decidiu usá-lo para a criação de aves como galinhas, pavões e faisões.

Um dos pavões da “chácara urbana” de Dierley. Foto: Victória Alcântara.

Com o passar do tempo, a horta e o viveiro não pararam mais de crescer. Por isso, Dierley precisou contratar três profissionais para ajudarem em sua pequena chácara e, também, na produção dos bolos, que continua mesmo após toda a repercussão nas redes sociais do profissional.

“Nós estamos construindo um lago, estamos fazendo uns viveirinhos. Por isso, já são três pessoas trabalhando em um projeto que eu imaginava que faria sozinho”.

Apesar de ainda não ser um projeto rentável, o empresário afirma que já vem obtendo retornos. “Eu comecei por prazer, mas eu já estou com venda de ovos. Eu comecei com seis galinhas caipiras e um casal de pavões e, hoje, ao todo, são setes pavões. E já tem encomenda de filhotes. Além disso, a horta também está vendendo alface e outros alimentos que são mais rápidos para colher. Mas assim, falar que eu estou tendo lucro, ou está sendo algo rentável, ainda não, por causa do prazo. Mas, a longo prazo, eu acredito nesse projeto e tenho certeza que vou colher muitos frutos”.

A satisfação dos clientes da horta mostra que este é um projeto que realmente veio para ficar. Melissa Santos disse que já comprou as hortaliças mais de uma vez. “A qualidade é excelente. Sempre que precisar, vou comprar”.

CABELEIREIRO, EMPRESÁRIO, HORTALICEIRO E DIGITAL INFLUENCER

A repercussão do viveiro e da horta no Espaço DR fez com que Dierley se descobrisse em uma nova profissão. Suas redes sociais têm recebido cada vez mais acessos e, com isso, ele tem se tornado o mais novo digital influencer do Buritis.

Desde que começou a se dedicar ao seu Instagram pessoal, ele já ultrapassou a marca de 9.000 seguidores, e este número tem crescido depressa. Em suas postagens, Dirley aborda os mais diversos assuntos. O conteúdo vai desde o cotidiano na sua “chácara” às receitas de bolo e histórias de superação.

O grande boom em sua conta pessoal não despertou apenas a atenção de espectadores, mas também de patrocinadores, o que tornou a sua atuação na rede social algo rentável durante a quarentena.

A HORTA DEPOIS DO ISOLAMENTO SOCIAL

Com o constante crescimento da horta e a chegada de novas aves, o projeto da chácara entre os prédios tem tudo para ultrapassar os tempos de pandemia. O espaço já tem, inclusive, pessoas interessadas em fazer visitações após o isolamento social.  Por esse motivo, Dierley acredita que o projeto será conciliado com o funcionamento do seu salão, e pode até vir a ser a sua prioridade no futuro.