Por Alexandre Santos 

O trânsito intenso e as horas intermináveis de congestionamento nos chamados “horários de pico” são uma realidade para quem vive em alguma das grandes cidades brasileiras. Na capital mineira não é diferente. Segundo estudo realizado pela INRIX, empresa que observa a mobilidade urbana nas capitais, divulgado em 2019, o belo-horizontino ficou o tempo correspondente a oito dias parado no trânsito só em 2018. 

A pesquisa também revela que, no Brasil, Belo Horizonte figura em terceiro lugar no ranking de cidades mais congestionadas do mundo, perdendo apenas para as metrópoles, São Paulo e Rio de Janeiro. Mas ganha no quesito “tempo perdido” dentro de um veículo. 

Para os especialistas em trânsito, tal crescimento das horas desperdiçadas em congestionamentos em BH já era esperado. De acordo com  texto publicado no Estado de Minas, outra pesquisa, de 2017, já previa um aumento do trânsito nas vias de BH. O estudo divulgado pelos engenheiros de tráfego e transportes, Frederico Rodrigues e Ewerton Sanches, da Im Traff, apontava que a capital mineira teria um aumento de 63% nos congestionamentos. 

Segundo a BHTRANS, a localização do Buritis na malha viária, na Região Oeste da cidade, demanda estudos complexos, envolvendo análises de dados de fluxos e simulações de tráfego na definição das melhores alternativas para colaborar com o descongestionamento das vias no bairro. 

“O grande adensamento do bairro não previu a reserva de área para ampliação do seu sistema viário e a topografia impede a criação de binários de circulação que poderiam aumentar a capacidade viária. Outro fator de atenção é que quanto mais for priorizada a fluidez na região, possivelmente será observada uma maior atratividade do tráfego de passagem devido à posição geográfica do bairro.

A BHTRANS tem realizado estudos, utilizando a matriz Origem Destino, para analisar  intervenções pontuais para desestimular o uso da Av. Prof. Mário Werneck pelo tráfego de passagem, como a criação de rota alternativa ligando a Barão Homem de Melo ao Bairro Palmeiras pela Av. Dep. Sebastião Nascimento, ao lado do Conjunto Estrela Dalva. Estes estudos podem indicar novas obras de infraestrutura na região”, afirma em resposta ao Jornal Daqui BH. 

Diante disso, a bicicleta pode ser uma boa opção, não só para desafogar o congestionamento de carros, mas também para contribuir na diminuição de gases danosos para o meio ambiente. Porém, ao contrário de grandes cidades ao redor do globo, como Amsterdã, na Holanda, Copenhagen, na Dinamarca, e Oslo, na Noruega, Belo Horizonte ainda não possui o devido investimento e estrutura para receber um fluxo seguro de ciclistas. 

Para o morador do Buritis, Nilton Júnior (22), a projeção de cicloviários é uma preocupação de grandes cidades e, sendo Belo Horizonte uma das principais capitais do país, também precisa dar atenção para esse tipo de projeto. 

“O Buritis, principalmente pela manhã, tem um congestionamento terrível, fazendo com que eu precise sair antes para o serviço. Com a instalação de ciclovias seria ótimo para alguns moradores, acredito”, opina.  

CICLOVIAS NA REGIÃO OESTE DE BH

Na Região Oeste de BH esse cenário pode mudar em breve. De acordo com a BHTRANS, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) já planeja a instalação de ciclovias nos bairros Buritis e Estoril, com uma extensão de 1,47Km, começando pela Rua Nilo Antônio Gazire, passando pela Paulo Piedade Campos, pela Av, Barão Homem de Melo e terminando da Rua Igapó.

Foto: BHTRANS

O Buritis e o Estoril não são os únicos bairros na Região Oeste com projetos prontos para a instalação de rotas cicloviárias. A PBH possui outras três rotas adjacentes ao Buritis planejadas, totalizando 11,09 Km de ciclovias. Confira a seguir:

Foto: BHTRANS

Rota: Av. Silva Lobo

Trecho: Av. Silva Lobo, entre a Av. Guaratan e R. Oscar Trompowsky.

Extensão: 2,42 km

Bairros: Calafate, Nova Suíça, Barroca, Alto Barroca, Grajaú, Nova Granada, Morro das Pedras.

Foto: BHTRANS

Rota: Av. Barão Homem de Melo

Trecho: Av. Barão Homem de Melo, entre a Av. Raja Gabaglia e Av. Silva Lobo.

Extensão: 4,86 km

Bairros: Estoril, Alpes, Jardim América, Santa Sofia, Nova Granada, Nova Suíça, Barão Homem de Melo 1ª Seção, Barão Homem de Melo 2ª Seção, Barão Homem de Melo 3ª Seção.

Foto: BHTRANS

Rota: Av. Dom João VI

Trecho: Av. Dom João VI, entre a Av. Teresa Cristina e Pça. Camile.

Extensão: 2,42 km

Bairros: Cinquentenário, Betânia, Estrela do Oriente, Parque São José e Palmeiras. 

Para elaborar os projetos de rotas para ciclovias, a equipe responsável pelos projetos leva em consideração critérios como o tipo de via que receberá as ciclovias, se possuem mais de uma mão, ou não, e quais veículos circulam, posição e dimensão da avenida ou rua. Por isso, dificilmente a instalação de uma ciclovia influenciará de forma negativa na circulação local de carros.

BIKE PARK PÚBLICO

Enquanto as novas ciclovias não saem do papel, os moradores da Região Oeste de BH que apreciam as “boas e velhas” pedaladas podem usufruir do Bike Park Público, instalado no Parque Municipal Jacques Cousteau, localizado no bairro Betânia. 

O Projeto Ciclismo Jacques Cousteau foi criado em 2019 pelo empresário, morador de Contagem, Ronan Bruzzi. Os encontros, que recebem ciclistas de todas as idades, acontecem aos sábados às 9h. De acordo com Ronan, em entrevista concedida ao Jornal Buritis, as trilhas são identificadas com placas que orientam sobre o nível de dificuldade. Verde é fácil, para iniciante, azul é moderado e preto é difícil, ou seja, exige mais habilidade. 

O Parque Jacques Cousteau, que foi criado em 1971 e implantado em 1999, oferece opções de lazer, brinquedos, trilha ecológica, áreas de convivência e academia a céu aberto.