Por Rafael Alef

Belo Horizonte já ultrapassa a marca de 270 mil casos confirmados da Covid-19 desde o início da pandemia. Desse número, 261.291 contaminados já estão recuperados, 2.952 seguem em acompanhamento e 6.507 chegaram à óbito. Os dados, divulgados diariamente pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em boletins epidemiológicos, mantêm a população informada em meio à flexibilização do isolamento social, as novas fases de reabertura da cidade e o ritmo de vacinação para a população.

O Buritis, localizado na região oeste de Belo Horizonte, figura entre os bairros que mais registraram casos de contaminação pela Covid-19. A alta movimentação de pessoas na região e a baixa adesão ao isolamento social no início da pandemia potencializaram a propagação do vírus e preocuparam a população local. Em decorrência dos altos índices de contaminação, o bairro, assim como outros na capital mineira, passou meses com o comércio fechado e só agora volta a funcionar, de acordo com as fases de reabertura decretadas pela PBH.

CONDUTA PÓS REABERTURA

Para Taciane Faria, moradora do bairro Buritis, a flexibilização do isolamento social e o retorno gradual do comércio foi uma decisão coerente, visto que houve diminuição dos números de contaminados e de ocupação de leitos na capital mineira. Segundo o boletim epidemiológico nº 343 divulgado pela PBH na última sexta-feira (27/08), estão ocupados 46,0% dos leitos de UTI Covid-19 e 34,5% dos leitos de enfermaria.

Em comparação com os números do boletim epidemiológico nº 251, divulgado em 19 de abril, dia em que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou a primeira fase de reabertura do comércio na cidade, houve uma queda de 35,1% na ocupação dos leitos de UTI Covid-19 e de 24,4% na ocupação dos leitos de enfermaria.

Desde o início da reabertura do comércio, o bairro Buritis teve um aumento considerável no número de casos acumulados e confirmados de Síndrome Gripal (de 1476 para 3390 casos), Síndrome Respiratória Aguda Grave (de 29 para 133 casos) e óbitos por Covid-19 (de 7 para 25 óbitos). Os números mantêm a posição do bairro como um dos mais afetados pelo vírus desde o início da pandemia global.

Como moradora, Taciane acredita que a grande maioria dos bares e restaurantes no bairro estão seguindo os protocolos de liberação divulgados pela PBH e contribuindo para o controle na propagação do vírus. “Existem algumas exceções, mas vejo muita gente seguindo as normas corretamente”, relata.

Taciane não contraiu o vírus da covid-19, mas viu pessoas próximas serem infectadas. Enquanto aguarda a chegada de seu grupo para vacinação, ela também acredita que os altos números de contaminados no bairro Buritis possam ser associados à grande população de jovens que vivem na região e a proximidade com o município de Nova Lima, que teve regras de isolamento social mais flexíveis do que BH.

“No início da pandemia muitos acreditavam que pessoas mais jovens não corriam risco de pegar a doença, por isso podem não ter levado a quarentena a sério”, relembra.

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

Para o infectologista e professor, Leandro Safi, as regiões mais populosas, como o bairro Buritis, naturalmente vão atingir números mais altos no índice de contágio. O comércio mais denso e movimentado também contribui para essa propagação. Contudo, as decisões a respeito da reabertura não dependem somente dos fatores epidemiológicos. Leandro acredita que a pressão pública, econômica e política também são consideradas na avaliação do contexto pandêmico.

Em BH, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) vem reforçando, em paralelo aos anúncios oficiais, que a permanência do comercio aberto depende da adesão às medidas de proteção e segurança por parte da população mineira. Leandro acredita que o processo deve ser cauteloso visto que o Número Médio de Transmissão por Infectado (RT) está em crescente nos últimos dias, atualmente em 0,88%.

“Esse movimento de abertura é natural, ele vai acontecer, até para acompanhar a resposta vacinal na população. Devemos sim nos resguardar, mas é importante lembrar que essas decisões não são premeditadas e estamos vivendo a pandemia em tempo real”, explica.

O processo de vacinação, mesmo em atraso, está em crescente nas últimas semanas. Com o atual calendário, a PBH pretende vacinar toda a população adulta até o dia 04 de setembro. A capital mineira já recebeu mais de 3 milhões de doses da vacina para imunização contra o novo coronavírus, em que 1.773.506 já foram aplicadas em 1ª dose (78,0% do público-alvo total) e 881.400 foram aplicadas em 2ª dose (40,0% do público-alvo total).

Os números indicam avanço, mas não dispensam os cuidados para se proteger contra a doença. Parte da comunidade leiga ainda questiona a eficácia das vacinas aplicadas no Brasil, o que, segundo o infectologista, não faz sentido quando se tem o crivo da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre as vacinas distribuídas para a população.

“Esse anticientificismo atrapalha as autoridades de saúde, os médicos, a imprensa e todos aqueles empenhados no aumento dos índices de vacinação. Os focos de ignorância que ainda disseminam esse desconhecimento, em minha opinião, também matam”, pondera.

Leandro reitera que nenhuma vacina no mundo tem eficácia e proteção de 100%, a exemplo da vacina da Hepatite B, que em alguns casos precisa ser aplicada novamente dependendo da resposta imunológica de cada pessoa. Mesmo aqueles que já foram vacinados devem manter o isolamento social em vigência, a utilização de máscaras e a higienização das mãos.

A PBH segue disponibilizando atualizações diárias sobre o calendário de vacinação, incluindo a faixa etária de cada dia, os postos de vacinação para cada região e todas as diretrizes necessárias para os residentes da capital mineira. O horário para vacinação é de 8h às 16h30 para postos extras, e de 8h às 17h para centros de saúde. Para mais informações e atualizações sobre a vacinação e a covid-19 em Belo Horizonte, acesse https://prefeitura.pbh.gov.br/saude.