Por Beatriz Fernandes e Thayane Domingos

Desde o dia 23 de dezembro, rumores da doença misteriosa começaram a surgir. A princípio, a contaminação atingiu 6 pacientes que passaram ou moram no Buritis. Suspeitas de água contaminada e supermercado infectado foram analisadas. Com isso, um temor começou a se espalhar entre os moradores do bairro, que receberam atenção nacional.

Em pouco tempo, órgãos como a Vigilância Sanitária, Fundação Ezequiel Dias e Ministério da Saúde foram notificados e desenvolveram medidas para sanar o caso. A Secretaria de Saúde partiu de duas principais linhas de investigação: intoxicação exógena (causada por produtos químicos) ou agente infeccioso (encontrados, geralmente, em produtos embutidos ou enlatados). 

A moradora do bairro, Pâmela Queiroz, 30 anos, confessa que ficou preocupada. “Eu tenho uma criança de 3 anos, então ficamos com medo até sabermos o que estava realmente causando tudo isso.” A princípio, Pâmela parou de comprar verduras e legumes e só estava consumindo o que já estava em sua casa. 

A HIPÓTESE DA BELORIZONTINA 

Mas, logo na segunda-feira (06), a hipótese de que a contaminação tinha sido causada pela cerveja Belorizontina, da Backer, começou a ser espalhada pelas redes sociais, em grupos específicos do bairro, como afirma Isabela Abreu, moradora e administradora do grupo Meu Bairro Buritis, no Facebook. 

“O assunto da cerveja Backer surgiu no Buritis através de uma mensagem via WhatsApp, que foi enviada primeiramente por uma pessoa, que colocou, me parece, no grupo de condomínio.  Foi se espalhando, até que essa mensagem foi colocada no grupo Meu Bairro Buritis, onde nós começamos a coletar informações e ver se havia outras pessoas com os mesmos sintomas. Até então não se sabia o que era, se era um boato mesmo. A partir daí foi que o caso tomou maior proporção.” 

Isabela afirma ter entrado em contato com várias pessoas que tinham relações com as vítimas, além da imprensa e órgãos responsáveis. 

INVESTIGAÇÕES

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento interditou a fábrica e apreendeu 16 mil litros de cerveja na sexta-feira,10. Além da Belorizontina, outros rótulos da Backer foram recolhidos pela Polícia Civil. Neles, a substância tóxica, dietilenoglicol, também foi encontrada. Além disso, a Polícia Civil  já escutou 24 depoimentos de famílias das vítimas. Atualmente 29 suspeitos foram notificados. 

Diante das investigações, a população do bairro começou a acompanhar as atualizações sobre o que teria gerado a contaminação da cerveja. Sérgio Sales, 39 anos, demonstrou preocupação sobre o caso.

“O meu medo é chegar a conclusão de que o erro foi para economizar dinheiro. Porque se o monoetilenoglicol ou dietilenoglicol entrar em contato com a bebida, ela gela mais rápido. Isso gera uma economia enorme de luz… Meu medo é só esse, mas acho que eles não seriam doidos de fazer isso.”

A opinião sobre o consumo da cerveja após toda repercussão é divergente. Anderson Philipe, 29, por exemplo, afirmou que, havendo uma nova inspeção e constatando que a produção da cerveja está sendo feita de forma segura, ele não teria problemas em consumi-la. Já Renato Braga, 31, afirmou que não compraria nenhum rótulo da marca novamente.  

DOAÇÃO DE SANGUE

Dessa forma, o alarde causado inicialmente pela hipótese de contaminação no bairro foi descartado. Mesmo assim, os moradores têm unido esforços para ajudar os familiares das vítimas, na medida do possível. Francisco Pimentel, que faz parte da feirinha do bairro e associação de moradores, ressalta a importância deque as pessoas não se preocupem somente com a questão da cervejaria, mas também com as doações de sangue.”

As atualizações diminuíram o ritmo desde a última semana, em que os familiares começaram a prestar depoimento. Entretanto, órgãos competentes prosseguem investigando o caso. 

Confira a linha do tempo dos acontecimentos mais importantes do caso. 

Infográfico produzido por Thayná Valadares.