Por Grazielle Paranhos

O mercado imobiliário, assim como os outros, sofreu uma queda devido à pandemia do novo coronavírus. As imobiliárias precisaram investir tecnologicamente para facilitar a comunicação com o cliente, possibilitar a compra pela internet e, assim, continuar movimentando o setor.

Contudo, o setor está otimista para a rápida recuperação, pois além do mercado imobiliário apresentar crescimento nos últimos anos, a taxa Selic está em seu menor patamar histórico. A Selic é a taxa básica de juros da economia no Brasil, ela influencia diretamente todas as taxas de juros do Brasil, afetando diversos setores da economia. Os especialistas acreditam na rápida recuperação do mercado imobiliário do Buritis, pois o bairro é líder em vendas de imóveis e possui um grande estoque de apartamentos disponíveis, além de ser um dos bairros mais procurados de BH.

CRESCIMENTO DO MERCADO DE IMÓVEIS

O mercado imobiliário passou por um período de crise, mas estava voltando a crescer nos últimos anos. De acordo com o Censo do Mercado Imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima, realizado pela Brain Consultoria, no 1º trimestre de 2020, foram lançadas 912 unidades residenciais nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima, e 458 em igual período do ano anterior. Ou seja, houve o crescimento de 99,13%. As vendas também registraram resultado positivo, passando de 710 unidades nos três primeiros meses de 2019, para 887 unidades em iguais meses de 2020, uma alta de 24,83%.

De acordo com a Secovi-MG, o mercado imobiliário é um gerador de empregos, tanto na construção civil quanto na comercialização e locação.

“É um mercado que está sempre em movimento, mesmo na crise as pessoas continuam casando, casais têm filhos, outros se divorciando, então o mercado está sempre em movimento. […]  acho que nesse cenário pós-pandemia, a partir do momento em que os empregos forem retomados e a economia voltar a crescer, o mercado imobiliário vai crescer mais rápido do que os demais setores, porque já é um segmento que vinha em crescimento antes da Covid-19”, diz Leonardo Matos, diretor da CMI/Secovi-MG.

BURITIS É UM DOS BAIRROS MAIS PROCURADOS DE BH

O Buritis é um bairro relativamente novo e um dos mais nobres de Belo Horizonte, foi um dos últimos a serem construídos na cidade. Os prédios também são relativamente novos. O preço dos imóveis tem bom custo/benefício, devido ao grande número de construções no bairro, desde a inauguração até os dias de hoje, e isso atrai muitas pessoas que estão em busca do primeiro imóvel.

O Buritis é um dos bairros preferidos por todos os públicos, jovens, casais ou pessoas solteiras, pois oferece infraestrutura adequada e opções de bares e restaurantes para todos os gostos e perfis. Além disso, é uma boa opção para investidores, por ser o bairro com maior liquidez de Belo Horizonte. Isso fez com que o Buritis crescesse muito e, ainda hoje, continua em expansão. Muitos corretores de especializaram no bairro Buritis devido à sua popularidade.

“Enxergo como o melhor bairro de custo beneficio Tanto que me especializei em atender apenas o Buritis”, diz o corretor de imóveis Giancarlo Bernadara.

BURITIS É LÍDER EM COMERCIALIZAÇÃO

De acordo com a Secovi-MG, de 2014 a 2019, o Buritis sempre ficou na liderança em quantidade de imóveis comercializados em relação as vendas totais da capital. O Plano Diretor, lei de uso e ocupação do solo de Belo Horizonte, publicado em 2010, fez com que o bairro ficasse mais restrito à ocupação. A lei não incentivou a construção de novos edifícios e isso fez com que o peso de venda do bairro caísse, mas mesmo assim continua sendo o bairro que mais vende na capital de acordo com o diretor da CMI/Secovi-MG.

“Em 2019, o bairro Buritis representou 5,28% de todos os imóveis vendidos em Belo Horizonte; em 2018, 5,85%. Ele é o bairro líder em comercialização, vindo, em seguida, os bairros Castelo e Savassi”, diz Leonardo Matos, diretor da CMI/Secovi-MG (Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais) e responsável pelo Instituto Data Secovi.

Mesmo com a chegada da pandemia, os especialistas já acreditavam na rápida recuperação do Buritis após a crise, devido à tendência a crescimento do setor somado à alta procura pelo bairro. A queda da Selic fez com que os especialistas ficassem ainda mais otimistas.

QUEDA DA SELIC E O AUMENTO DO CRÉDITO IMOBILIÁRIO

O termo Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A Taxa Selic, por ser a principal referência para as taxas de juros no Brasil, também é usada pelo governo para controlar a inflação. Se a inflação está alta, o Banco central pode aumentar a taxa, provocando o aumento dos juros do mercado e tornando o crédito mais caro para as pessoas.

Dessa forma, o consumo diminui, os preços tendem a cair e a inflação também. Por outro lado, quando a inflação está baixa o governo costuma reduzir a taxa Selic. A ideia é tornar o crédito mais barato, estimulando o consumo por meio de financiamentos e compras a prazo, por exemplo. Assim, a demanda por produtos e serviços aumenta, elevando também os preços. A variação dos juros pode trazer diversos impactos ao mercado imobiliário, como o preço final dos imóveis.

O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, reduziu a taxa Selic (taxa básica de juros da economia brasileira)  de 3,75% para 3% ao ano no dia 6 de maio de 2020. Isso significa que a rentabilidade de todos os fundos de investimentos nesse momento estão em baixa de 20% ao ano. A maior queda da história. A média das previsões para a Selic até o fim do ano segue em 2,25% ao ano segundo o Relatório de Mercado Focus, dado atualizado na segunda-feira, dia 1 de junho.

A queda da Selic é um cenário favorável para vários setores e o imobiliário é um deles. Essa baixa significa uma nova oportunidade para a compra da casa própria e o reaquecimento do mercado. Segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), cada 1% a menos na taxa de juros de financiamento, mais de 2,8 milhões de pessoas podem comprar imóveis.

Como a Selic impacta diretamente a taxa de financiamento imobiliário, a população tem mais facilidade em adquirir crédito, pois as taxas de administração e de juros do crédito imobiliário são reduzidas. Ou seja, fica mais barato para o cliente financiar um imóvel.

“O mercado imobiliário e a construção civil, por sua vez, podem ser beneficiado pela queda dos juros, que favorece o financiamento de imóveis a taxas menores […] Os juros básicos da economia podem contribuir para a recuperação. A taxa Selic está em seu menor patamar histórico, 3% a.a. A inflação medida pelo IPCA encontra-se controlada, abaixo da meta anual, com expectativa em torno de 2% a.a. para 2020. Um dos motivos é o ritmo lento da economia brasileira, desemprego elevado e a baixa demanda da economia”,diz o economista Daniel Matragrano.

O INVESTIMENTO EM IMÓVEIS ESTÁ MAIS RENTÁVEL E SEGURO

A Selic também altera o rumo dos investimentos. As aplicações de renda fixa, escolha para quem buscava multiplicar o dinheiro sem perder a segurança, deixaram de ser atrativas. Deixar o dinheiro na renda fixa já não dá muito retorno. Nos fundos imobiliários, de acordo com a cotação atual, o retorno é de 0,47% ao mês, ou cerca de 5,7% ao ano, valor mais alto que aplicações no CDI, taxa que determina o rendimento anual de investimentos em renda fixa, que está a 2,9% no momento, por exemplo.

Além disso, no mercado financeiro, a Bolsa de Valores do Brasil sofreu grandes perdas neste ano, em especial no mês de março, chegando a atingir uma perda acumulada ao final do primeiro trimestre de -36,86%. Houve, ainda, uma queda significativa da atividade econômica do país devido à pandemia do novo coronavírus. De acordo com o relatório Focus, publicado pelo Banco Central no dia 01/06, a previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) para este ano é de -6,25%.

A perda para os investidores da Bolsa foi muito grande no início do ano. Devido a essa instabilidade, a preferência agora é de investir no mais seguro, como a compra de imóveis.

“Espera-se que haverá melhora, mas não a suficiente para retomar o patamar anterior da Bolsa de Valores do Brasil […] O cenário atual recomenda cautela e prudência para investir, preservação da liquidez e da capacidade de solvência”, completa o economista Daniel Matragrano.