Por Ana Maria Rocha

A pandemia do novo coronavírus não afetou somente os seres humanos. O bem-estar dos cachorros e gatos também está ameaçado, porque, para além de contraírem o vírus, devido à desinformação, também acabam por ser abandonados por seus donos. Alguns casos podem até incorrer em sacrifício.

Segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o primeiro caso confirmado de Covid-19 em animais foi em um cachorro da raça boxer. A pesquisa aponta que cão convive com uma família que também testou positivo para o vírus.

Cães e gatos, de todo o Brasil, que testaram positivo para Covid-19 estão sendo monitorados por uma pesquisa do Laboratório de Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Instituto de Ciências Biológicas (IBC) da UFMG. Até o dia 22 de fevereiro de 2021, foram confirmados 11 casos de animais que testaram positivo; um cachorro em Belo Horizonte, um gato em Cuiabá (MT), quatro cães e um gato Curitiba (PR), um cachorro e um gato em Campo Grande (MS) e dois gatos na região do Recife (CE).

Todos os casos são informados aos órgãos oficiais, como o a Organização Mundial de Saúde Animal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A veterinária, comerciante e administradora, Mirely Caldeira Simões, explicou que, quando um animal testa positivo para o novo coronavírus, é importante deixá-lo isolado e sempre que o tutor for medicar ou até mesmo alimentar, é necessário que ele esteja usando luvas e mascaras para evitar a disseminação.

Mirely explica que a vacina coronavirose, presente na caderneta de vacinação dos cães, não é um imunizante para o coronavírus. Isso porque o Corona Vírus Entérico Canino (CCoV) é quase erradicado no nosso país devido à vacinação eficiente realizada durante diversos anos. “Hoje a maioria dos animais conseguem, através da vacina e da memória imunológica obtida através do colostro, combatê-lo antes mesmo de demonstrar sinais clínicos. Nesse caso, chamamos de autolimitante”, comenta.

A veterinária relatou algumas prevenções que devemos seguir para que os nossos pets não sejam contaminados. “O primeiro dentre todos é sem dúvida repassar aos pets os mesmos cuidados dados aos seres humanos, com distanciamento social. Porém, não devemos utilizar máscaras nesses animais, pois isso causaria mais danos que benefícios”, observa.

Outra precaução é distanciá-los de pessoas infectadas, evitando o contato direto como beijos, abraços ou dormir juntos. O ideal é buscar outro membro da família para cuidar desses animais. Caso isso não seja possível, é pertinente que o contato seja mínimo e feito apenas com máscara.

Fernanda Dollinger, veterinária e coordenadora regional de vendas do laboratório Ibasa, enfatiza a importância que devemos ter com os animais, fazendo a higienização de suas patas e de seu corpo, sobretudo quando os seus donos passeiam com eles na rua. Ela também salienta que os produtos devem ser, imprescindivelmente, veterinários e é importante não fazer utilização de álcool nas patas porque pode haver um ressecamento.

Entenda a diferença do coronavírus que infecta humanos e animais

O coronavírus faz parte de uma família de vírus cujo nome é Coroviridae e podem estar presentes tanto em animais quanto em seres humanos. Existem 4 gêneros pertencentes à família Coroviridae: Alphacoronavírus, Betacoronavírus, Grammacoronavírus e os Deltacoronavírus.

Cada gênero pode levar a doenças diferentes. O Betacoronavírus dá origem ao Sars-Cov e o SARS-Cov-2, mas este segundo ainda não apresentou evidências de origem animal. Conforme explica Karin Botteon, coordenadora técnica especialista da área de Pets da Boehringer Ingelheim Saúde Animal, os seres humanos transmitem a doença aos animais, e não o contrário.

Os cães e gatos também podem ser afetados por outros coronavírus. Os mais conhecidos são os do gênero Alphacoronavírus. Ainda não há vacina para o coronavírus felino (FCoV), conhecido como peritonite infecciosa felina.