Sara Dutra, violinista que encontrou no isolamento social a oportunidade de resgatar as serenatas para o Dia dos Namorados. Foto: Alexandre Gomes Reis.
Por Nathália Souza
Na próxima sexta-feira (12) o clima de romance estará em alta. Apesar de não ser um feriado, o dia 12 de junho é uma data tradicional do calendário brasileiro, quando casais comemoram o chamado Dia dos Namorados. Esse é o dia em que muitos aproveitam para celebrar o outro, realizar declarações de amor e trocar presentes.
Pelas ruas, diversos buquês e cestas sendo entregues, lojas movimentadas, parques, cinemas e restaurantes tomados pelos casais belo-horizontinos. Essas eram as cenas comuns do dia 12 até o ano passado, antes de nos depararmos com uma pandemia que afetou a forma de viver em todo o mundo. Agora, é a realidade é bem diferente.
Por exceção dos que já estão casados, o isolamento social, provocado pelo novo coronavírus, fez com que namorados se encontrassem com menos frequência, adaptando as rotinas dos relacionamentos. Felizmente, assim como Michael Jackson canta em You Are Not Alone: “você não está sozinho, eu estou aqui com você. Embora você esteja longe, eu estou aqui para ficar”, casais permaneceram juntos e estão driblando as adversidades.
A moradora do bairro Buritis, Nina Apagua (25), conta que “é um momento em que, ao mesmo tempo que estamos afastados, permanecemos juntos. Não é fácil essa quarentena, mas o necessário vem antes, como a proteção à nossa família e a dos outros.” Neste ano, Nina optou por presentear o noivo com algo simples, mas significativo para o casal, e adaptou a comemoração. “Vamos passar em casa e fazer um jantar romântico. Temos que nos reinventar, é aí que surgem as ideias”.
O clima de romance permanecerá no ar, mas as celebrações precisaram se adaptar a uma nova realidade. Ficar em casa continua sendo a orientação. Uma pesquisa realizada pela empresa mineira Opinion Box revelou que pelo menos 57,8% do público irá comemorar o Dia dos Namorados. Em relação à forma de comemorar, 42,10% disseram que planejam preparar um jantar especial.
A esteticista Thayane Oliveira conta que, dessa vez, o plano também é ficar em casa e ser econômica. “Planejamos fazer uma comemoração em casa, sem grandes gastos. Um jantar, ficar juntinhos e muito amor!”
Michelle Sentinella (24) conta que também irá comemorar no aconchego de casa, com um jantar à luz de velas e acompanhando a live do grupo Roupa Nova. “Nós sempre saímos para comemorar em algum restaurante e, sobre o presente, nós sempre conversamos muito, a cada ano, se temos outras prioridades maiores. Esse ano, especificamente, foi devido à pandemia. Trabalhamos na área de turismo, a mais afetada. Fiquei 3 meses afastada e agora estou trabalhando em home office com horário e salário reduzidos. Então, decidimos abrir mão da troca e resolvemos fazer um jantar em casa para gente mesmo”, comenta.
Além das celebrações em casa de muitos casais, outro fator se mostra muito comum neste ano: a diminuição na troca de presentes.
A data de celebração do Dia dos Namorados no Brasil pode até ser relacionada à proximidade do dia de Santo Antônio, conhecido no país por ser o santo casamenteiro, mas esse não é o principal motivo. Enquanto, no restante do mundo, a data é celebrada em fevereiro, em comemoração à São Valentin, aqui no Brasil o mês de junho foi escolhido por estratégia comercial, já que era o mês que indicava declínio nas vendas.
Dividindo ranking com o Natal e Dia das Mães, o Dia dos Namorados é uma das 3 datas comemorativas mais lucrativas para o comércio. Antes do atual quadro de pandemia da Covid-19, a data rendia uma média de R$1,5 bilhão no mercado. Mas, e agora?
Mesmo com a flexibilização, que teve início no mês de maio, boa parte comércio, como lojas de vestuários e shoppings, continuam de portas fechadas. Na segunda-feira (08/06), entramos em uma nova etapa da flexibilização, quando outros comércios, como sapatarias e floriculturas, podem reabrir.
Hernane Ribeiro, um dos proprietários da loja Zás, no bairro Buritis, conta que a expectativa de vendas para esse ano é 70% menor em comparação à 2019. “Como as lojas de roupas e acessórios femininos não foram liberadas para abrir, acreditamos que o movimento será fraco, com algumas vendas acontecendo pela internet, nem tanto em forma de presente, mas a própria cliente escolhendo um look para passar o Dia dos Namorados.”
Para tentar levantar as vendas para essa data, o empresário realizou uma ação intitulada “Um passarinho me contou” nas redes sociais da loja. Nessa ação, as clientes contavam qual produto da Zás desejavam receber como presente de Dia dos Namorados. As clientes enviavam o número de WhatsApp do namorado e a loja enviava uma listinha de sugestão de presentes, estimulando a produção de declarações escritas. Apesar da ideia ser boa e criativa, a adesão foi baixa.
Em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da UFMG, mostra que a intenção de presentear é a mais baixa dos últimos cinco anos.
Informações obtidas em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da UFMG e Assossiação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Elaboração do infográfico: Nathália Souza.
Lorena Saile, proprietária da loja Lóh Saile, também no bairro Buritis, comenta que, nos últimos dias, tiveram uma procura maior por parte de namorados e maridos em busca de presentes, mas ainda assim a procura foi abaixo do ano anterior.
“Essa procura ainda está abaixo do que ocorreu no último ano, principalmente por estarmos trabalhando apenas com as vendas online, já que a loja permanece fechada em razão da Prefeitura de Belo Horizonte ainda não ter autorizado o retorno de nossas atividades. Além disso, existem outros comércios que já retornaram suas atividades, alguns mesmo sem a autorização da PBH, e acabam se beneficiando nesse momento. Mesmo com todos esses contratempos causados pela situação atual, datas especiais como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados ainda geram uma maior procura por presentes.”
Para superar as dificuldades econômicas que surgiram durante a pandemia, o empreendedorismo e soluções criativas para comemorar a data têm movimentado as redes sociais.
Bernardo Araújo (24), que trabalha com produção de drinks em eventos, como formaturas e casamentos, precisou adaptar sua maneira de trabalhar. “Provavelmente, a área de eventos será o último setor a voltar a funcionar, então decidi engarrafar os drinks para tentar driblar a crise”. A estratégia está funcionando e Bernardo conta que as encomendas das bebidas, que são anunciadas pelas redes sociais, aumentou para esse Dia dos Namorados.
A oferta de produtos no campo alimentício é grande. Diversas pessoas têm apostado na venda de cestas comemorativas, caixas de chocolates e outras delícias da área da gastronômica. Esse é o caso de Flávia Curtis, que tem apostado na confecção de caixas personalizadas de café manhã, com flores e chocolates, e cestas especiais com queijos e vinhos.
Para quem gosta de romance à moda antiga, a musicista e professora de violino Sara Dutra resgatou uma antiga tradição para aquecer ainda mais os corações apaixonados: as serenatas. “A ideia surgiu a partir da iniciativa de alguns amigos também violinistas, que estavam realizando projetos parecidos e me incentivaram, já que no momento não podem executar performances ao vivo”, comenta.
As serenatas são realizadas presencialmente, respeitando certa distância, devido às regras de distanciamento social, ou por meio de videoconferência. A violinista tem utilizado as redes sociais, como Instagram e Facebook, para divulgar a estratégia.
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Adorei a matéria, parabéns fiquei feliz de fazer parte dela.
Tenho uma caixa festa surpresa que vou enviar para vocês como sugestão de uma nova maneira de comemorar, quem sabe pra uma nova matéria!!!!
Bjs Flávia Curtis