Por Beatriz Fernandes

Temos assistido a vida acontecer da janela de nossas casas. A criatividade tem sido acionada para diminuir a distância e driblar a vontade de estar fisicamente perto. Datas comemorativas, aniversários e grandes eventos têm acontecido online. Esse será o cenário do próximo Dia dos Pais (9 de Agosto). 

Pesquisa  do Índice de Confiança do Consumidor ICC-BH, divulgado pela Fundação Ipead, mostrou a maior queda no comércio, nos últimos 5 anos, para essa época do ano. Afinal, apenas 33,81% dos respondentes, pretendem comprar um presente para a data, gastando cerca de 24% a menos. 

A PATERNIDADE DURANTE ISOLAMENTO SOCIAL 

Mas o comércio não é o único aspecto afetado pela pandemia. Os pais de primeira viagem têm vivenciado a paternidade isoladamente de familiares e amigos. O papai do Bernardo, Tiago de Miranda Piuzana, 32 anos (morador do bairro Salgado Filho, região Oeste de BH), por exemplo, afirma que tem sido desafiador experimentar esse momento sem os familiares por perto. 

Ele conta que, agora que o Bernardo já está com 3 meses, o retorno ao trabalho dele e de sua esposa tem sido algo muito difícil, por não poder contar com ajuda de outras pessoas. “Além disso, tem os afazeres domésticos, as vacinas e consultas do Bernardo… então é um período muito difícil, que demanda um esforço muito maior”, explicou. 

A sua maior preocupação é em relação ao convívio social que seu filho não está vivenciando, e por seus familiares não estarem acompanhando, de perto, o desenvolvimento do Bernardo em seu primeiro ano de vida.

“O maior pesar que nós temos com o Bernardo é em relação à questão social. Porque a gente aprende interagindo com outras pessoas. Então, quando fica um ambiente restrito em só eu e minha esposa, a gente acredita que ele está perdendo muito.”

Para driblar isso, ele conta que tem investido em vídeo chamadas com amigos e familiares como forma de manter a proximidade. Assim, o pequeno Bernardo já está totalmente habituado ao contato virtual. Sobre o Dia dos Pais, falou que pretendem fazer uma festinha só para eles, mas que estando com o Bernardo, vai ser um ótimo Dia dos Pais, independente do contexto. 

Erick Andrade (31 anos), morador do bairro Palmeiras na região Oeste de BH, também se sente preocupado em relação à interação social de seu filho Noah (1 ano e 4 meses). 

“Acredito que nessa idade, já era hora de ele estar aprendendo algumas coisas socializando, em companhia de outras crianças, o que infelizmente não tem acontecido.”

Já sobre a adaptação, conta que para ele, tem sido proveitoso, já que sua rotina em contexto normal, não lhe permitia ficar muito tempo em casa. Assim como Tiago, o Dia dos Pais do Erick será reservado, com a presença de seus pais e o padrinho do Noah. 

ALTERNATIVA CRIATIVA

Gravação do curso Vou ser Pai. Acervo pessoal de Fernando Dias.

Acervo pessoal de Fernando Dias

Uma alternativa criativa para esse período foi pensada por Fernando Dias, 39 anos, pai da Duda (9 anos) e da Gabi (6 anos), e criador do curso Vou Ser Pai. O curso já existe há 5 anos, mas especificamente para os pais de primeira viagem durante a pandemia, é oferecido um webinar sobre o assunto. 

Sobre a criação de filhos durante o isolamento social, Fernando conta que o desafio de compartilhar um espaço em comum precisa ser administrado com muito jogo de cintura. 

“De certa forma, fomos nós que invadimos o espaço deles, nós que trouxemos o trabalho pra dentro de casa, então é muito importante ter um pouco de empatia nesse momento”.

Fernando contou que costumavam passar essa data sempre com seus pais, no interior, e que esse será o primeiro ano que ficarão em casa. Essa data comemorativa será vivenciada pelas famílias de forma diferente este ano. Por isso, é preciso criatividade e resiliência para que esse momento seja vivido da melhor maneira possível: criando memórias, em segurança.